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16/07/2018
Número de mamografias realizadas pelo SUS é o menor dos últimos cinco anos
O exame mais comum para detectar o câncer de mama está
sendo pouco empregado no nosso país. Um levantamento da Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM) em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia
revela que, entre as 11,5 milhões de mamografias que deveriam ser em 2017,
apenas 2,7 milhões de fato foram realizadas (ou 24,1%).
Como os cientistas chegaram ao total de exames
esperados em 2017? Eles primeiro somaram o número de mulheres entre 50 e 69
anos, faixa etária em que o Instituto Nacional de Câncer (Inca) preconiza a
utilização da mamografia. Aí o dividiram por dois, uma vez que o rastreamento
para essa população deve ser feito a cada dois anos de acordo com as diretrizes
do nosso país. Os experts ainda incluíram na conta uma estimativa de
brasileiras que deveriam repetir o teste por terem sido anteriormente diagnosticadas
com alguma alteração.
Feito isso, bastou buscar a quantidade de
mamografias realizadas pelo SUS para concluir que elas representaram apenas
24,1% do total esperado. Esse é o menor índice dos últimos cinco anos e está bem
abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A dificuldade para agendar e realizar a mamografia
ainda é o principal motivo para o baixo número de exames”, afirma o
mastologista Ruffo de Freitas Junior, coordenador do estudo, em comunicado à
imprensa. “Isso, claro, além da triste realidade encontrada em hospitais com
equipamentos quebrados e falta de técnicos qualificados para operá-los”,
arremata.
Segundo o presidente da SBM, Antônio Frasson, houve
um sucateamento do sistema público em relação ao diagnóstico precoce de câncer
de mama. Veja: o mesmo estudo mostra que o governo federal investiu apenas
122,8 milhões de reais dos 510,7 milhões previstos para atender ao número
adequado de mulheres.
Frasson explica que esse obstáculo do acesso não se
restringe aos exames de rastreamento, mas também ao próprio tratamento, o que
desmotiva as pessoas. “A dificuldade que as pacientes enfrentam para serem
tratadas no sistema público é muito grande. E eu imagino que não seja algo
específico do câncer de mama”, opina.
Segundo ele, é importante cobrar o governo por
melhorias. “Não apenas a SBM, mas a sociedade no geral deve pressionar através
de grupos de voluntariado e ONGs para que o acesso aos exames aconteça
naturalmente, e não com tanta dificuldade”, alerta.
A pesquisa – e o câncer de mama no Brasil
Como os dados que
sustentam esse trabalho foram extraídos do Sistema de Informações Ambulatoriais
(SIA) do DATASUS, os exames feitos pela rede privada ficaram de fora. É
possível, portanto, que o cenário seja um pouco menos dramático do que o
pintado por esse levantamento.
De qualquer jeito, a
pesquisa em questão calculou inclusive as piores regiões do Brasil quando o
assunto é realizar mamografias. São elas: Rondônia, Distrito Federal e Amapá.
Esperava-se que 76,9 mil
mulheres em Rondônia se submetessem a esse exame. Entretanto, foram registradas
somente 5,7 mil (7,4%) em 2017. No Distrito Federal, foram apenas 5 mil exames
(3,1%), ante um potencial total de 158,7 mil. O Amapá, por sua vez, contabilizou
260 mamografias no SUS (1,1%) – o ideal seria ficar na casa dos 24 mil.
O câncer de mama é o
segundo tipo de tumor maligno mais comum entre as mulheres no Brasil e no
planeta, ficando só atrás do de pele. De acordo com o Inca, ele responde por cerca
de 28% dos casos novos todo ano.
O presidente da SBM
reforça que valorizar o diagnóstico precoce torna o tratamento mais eficaz e
barato. “Existe uma relação direta entre chance de cura e tamanho de tumor”,
afirma.
Mais: ele conta que o tamanho médio dos cânceres de mama rastreados pelos médicos na rede privada é menor que o encontrado na rede pública de saúde. “Isso indica que, quando as pessoas têm melhor acesso, os tumores são menores e a chance de cura é maior”.
A falta de informação
Além da dificuldade de
acesso, o medo do tratamento e a dor causada pela compressão das mamas durante
o exame são motivos que afastam as mulheres da mamografia. Para Frasson, esses
problemas se resolvem com informação.
Até porque há boas
notícias: hoje em dia o tratamento contra o câncer é altamente personalizado –
e envolve menos reações adversas do que antes. Fora isso, a cirurgia de
reconstrução dos seios já está disponível nos hospitais públicos.
Quanto aos incômodos do exame, não dá pra negar que
eles existem. Acontece que a compressão garante muito mais nitidez ao
resultado. É uma dor que passa e que pode evitar um problemão mais pra frente.
Retirado do Site: https://saude.abril.com.br/